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Um ano após pai e avó morrerem envenenados por bolo no pote, médica cobra julgamento da ex-cunhada acusada do crime: ‘Dar um fim nesse ciclo’

Advogada Amanda Partata Mortoza, acusada pelo crime, teve novo pedido de liberdade negado pela Justiça. Ao g1, filha de Leonardo e neta de Luzia cobrou por mai...

Um ano após pai e avó morrerem envenenados por bolo no pote, médica cobra julgamento da ex-cunhada acusada do crime: ‘Dar um fim nesse ciclo’
Um ano após pai e avó morrerem envenenados por bolo no pote, médica cobra julgamento da ex-cunhada acusada do crime: ‘Dar um fim nesse ciclo’ (Foto: Reprodução)

Advogada Amanda Partata Mortoza, acusada pelo crime, teve novo pedido de liberdade negado pela Justiça. Ao g1, filha de Leonardo e neta de Luzia cobrou por mais rapidez no julgamento. Médica Maria Paula Pereira ao lado do pai Leonardo Pereira Alves e da avó Luzia Tereza Alves Arquivo pessoal/Maria Paula Pereira O caso da advogada Amanda Partata Mortoza, de 32 anos, acusada de matar o ex-sogro Leonardo Pereira Alves e a mãe dele, Luzia Tereza Alves, envenenados com bolos de pote, em Goiânia, completou um ano. Ao g1, a médica Maria Paula Pereira Alves, de 27, que é filha de Leonardo e neta de Luzia, cobrou por mais rapidez no julgamento para “dar um fim nesse ciclo”. "Eu desejo só que ela seja julgada de forma justa e que seja julgada logo, porque esse é um ciclo que, querendo ou não, machuca, um ciclo que não foi encerrado ainda. É uma parte ali que, como não teve desfecho, a gente tem que estar vivendo constantemente, as atualizações, as mudanças. Isso machuca mais do que devia. Então a gente quer dar um fim nesse ciclo, quer que ela seja julgada logo”, desabafou a médica. ✅ Clique e siga o canal do g1 GO no WhatsApp O Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) informou que a data do julgamento ainda não foi marcada. O g1 entrou em contato com a defesa de Amanda, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem. O crime aconteceu no dia 17 de dezembro de 2023, em Goiânia. Três dias depois, Amanda Partata foi presa e permanece na Casa de Prisão Provisória, em Aparecida de Goiânia. Ela foi suspensa dos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Goiás (OAB-GO). Maria Paula acrescentou que apesar do sentimento de justiça, não deseja que a acusada sofra a mesma dor que ela passou. "Isso não vai trazer de volta, não vai adiantar nada, eu não vou me sentir melhor com o sofrimento dela. Mas eu quero que ela pague, eu quero que ela seja julgada, eu quero a justiça, é isso que eu quero”, disse. Para a médica, a dor continua tão intensa como foi no dia da morte do pai e da avó. Ela mencionou que a emoção que sente é parecida a de estar vivendo um pesadelo que não consegue acordar. "É uma coisa que vai assombrar eternamente, não tem como ser diferente. Cada vez mais o sentimento é mais maduro em relação a lembrar das partes boas, do quanto ele [pai] me amou, que ainda está comigo espiritualmente, do quanto ele fez o papel dele aqui na terra. Falar que vai ser digerido, que vai ficar para trás, que vamos ficar em paz com isso, é uma coisa que nunca iremos”, disse Maria Paula. Crimes Em janeiro deste ano, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO) e acatou o pedido de conversão da prisão temporária em preventiva, a "fim de garantir a ordem pública e por conveniência da instrução criminal". Os crimes apontados pelo MPGO foram: Homicídio consumado triplamente qualificado (pelo motivo torpe, emprego de veneno e dissimulação) contra Leonardo Pereira Alves, pai do ex-namorado de Amanda. Homicídio consumado triplamente qualificado (pelo motivo torpe, emprego de veneno e dissimulação) e agravado pela idade contra Luzia Alves, avó do ex-namorado de Amanda. Homicídio tentado duplamente qualificado (pelo motivo torpe e pelo emprego de veneno) praticado contra o tio do ex-namorado de Amanda. Homicídio tentado duplamente qualificado (pelo motivo torpe e pelo emprego de veneno) e agravado pela idade da vítima contra o avô do ex-namorado de Amanda. Amanda Partata, advogada de 31 anos. Reprodução/Fantástico Justiça Amanda Partata irá a júri popular, conforme decisão expedida pelo TJGO em agosto deste ano. O documento descreve que a ré deve permanecer em prisão preventiva, sem possibilidade de substituição por medida cautelar. No dia 28 de novembro, o TJGO negou mais um pedido de habeas corpus requerido pela defesa de Amanda. No documento, os advogados alegaram que a acusada “está sofrendo constrangimento ilegal”, sustentando que a manutenção da prisão se baseia “em termos vagos, como ‘garantia da ordem pública’ e ‘periculosidade’, sem especificar fatos novos capazes de justificar”. Justificaram ainda que há uma “verdadeira antecipação da pena, violando a presunção de inocência da paciente”. No voto que negou o pedido de liberdade, o relator Wild Afonso Ogawa afirmou que as medidas cautelares diferentes da prisão seriam “inadequadas”, uma vez que representam grave risco à ordem pública, “cuja preservação é indispensável para manter a paz social e prevenir a prática de novos crimes”. O magistrado argumentou ainda que as provas mostram que o crime foi premeditado, “pela dissimulação e pela manipulação reiterada, bem como pela ausência de arrependimento e pelos traços de personalidade antissocial apontados em laudos periciais”. LEIA TAMBÉM Advogada acusada de matar ex-sogro e a mãe dele envenenados com bolo passa por audiência em Goiânia INVESTIGAÇÃO: Laudo conclui que advogada acusada de matar ex-sogro e a mãe dele envenenados planejou, executou e tomou cuidados para que crime não fosse descoberto Vídeo mostra quando advogada suspeita de matar ex-sogro e mãe dele envenenados compra alimentos em empório de Goiânia Relembre o caso Amanda Partata poderá ser condenada por mais de 100 anos de prisão. A afirmação foi dada pelo delegado que investiga o caso, Carlos Alfama. Amanda Partata no momento do envenenamento Reprodução Anteriormente, a advogada era investigada por praticar o duplo homicídio contra Leonardo, e a mãe dele, Luzia, além da tentativa de homicídio em desfavor do marido de Luzia, João Alves, que se recusou a comer o pote de bolo por ser diabético. No entanto, as investigações apontaram que Agostinho Alberto (Beto), tio do ex-namorado de Amanda, esteve na casa lhe foi oferecido o bolo envenenado. "No relatório final emitido ao Poder Judiciário, a polícia decidiu por indiciar a Amanda por dois homicídios consumados, duplamente qualificados, e por duas tentativas de homicídio. Uma tentativa de homicídio contra o seu João e uma tentativa de homicídio contra o Beto. As penas somadas nesse grau podem chegar a mais de 100 anos de reclusão”, explicou o delegado. As vítimas morreram, respectivamente, no dia 17 e 18 de dezembro, após consumirem o bolo envenenado e serem levados para internação hospitalar com fortes cólicas, em Goiânia. Alfama afirmou que a intenção de Amanda era matar todas as pessoas da casa, uma vez que foi oferecido para todos e a quantidade do veneno era suficiente para isso. Pesquisa antes do crime Ainda durante a coletiva, o investigador informou que a PC conseguiu ter acesso ao celular da advogada, onde foram encontrados pesquisas, antes dela efetuar o crime, sobre a possibilidade de descobrirem o veneno utilizado. De acordo com o delegado, ela buscou "qual seria o exame capaz de detectar o veneno que ela utilizou. Isso antes do crime. Essa é mais uma prova que mostra que realmente ela é executora desses homicídios". Além disso, a polícia conseguiu um melhoramento das imagens nas câmeras de segurança do hotel e foi possível verificar que na caixa que ela recebeu de antes do clima, constou um número. Esse é o mesmo número do pedido da compra do veneno no site da internet. Ela fez a aquisição dessa substância", acrescentou Alfama. Conforme o relatório, Amanda também pesquisou um dia antes do café da manhã sobre hepatomegalia, um aumento exagerado do fígado que pode ser causado por envenenamento. Horas antes de ir a casa do policial civil, ela procurou saber se “intoxicação alimentar mata”. Inicialmente, quando ainda não havia suspeita de crime, a família das vítimas não descartava esta possibilidade, o que foi rapidamente descartado pela Polícia Técnico Científica (PTC) devido à rapidez com que o policial e a mãe morreram. No dia 18 de dezembro, já com Leonardo morto e a avó do ex na UTI, a advogada fez uma última pesquisa destacada pelo laudo: “análise de material biológico”. No relatório entregue à Justiça, o delegado afirma que estes novos detalhes acrescidos à investigação “tornam inafastável a conclusão de que ela premeditou e estudou os crimes de homicídio que praticou contra as vítimas”. Investigações A investigação da Polícia Civil (PC) apontou que horas antes de morrer envenenado pela ex-nora, após tomar café da manhã no dia 17, Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, enviou um áudio a ela dizendo que estava passando mal e que o mesmo acontecia com a mãe dele, Luzia Tereza Alves, de 86 anos. Segundo o delegado Carlos Alfama, ele ainda teria dito à Amanda para que buscasse atendimento médico, já que ela também ingeriu os alimentos e ainda por acreditar que ela estava grávida. O áudio foi enviado após a ex-nora sair da casa de Leonardo e voltar para Itumbiara, cidade onde mora no Sul goiano. "Ela [Amanda] ficou ali [na casa] entre 9h e 12h. Assim que ela sai, recebe um áudio de Leonardo reclamando de fortes dores estomacais, vômito e diarreia. Ainda disse 'olha, você está grávida. Vai para o hospital porque estou passando muito mal e minha mãe também’.”, explicou o investigador. Conforme a investigação, ela só foi em um hospital no final da noite daquele mesmo dia, depois que recebeu a informação que o ex-sogro e a mãe dele tinham morrido. Compra dos produtos O trajeto realizado por Amanda Partata no dia em que ela teria matado o pai e a avó do ex-namorado envenenados foi filmado por câmeras de segurança. De acordo com a PC, a suspeita comprou alimentos em um mercado, voltou ao hotel onde estava hospedada em Goiânia, ficou cerca de 3 horas na casa das vítimas, e depois retornou para Itumbiara, onde morava. Às 8h11, ela passa pelo caixa, paga o que comprou, e deixa o local. “E voltou ao hotel com esses alimentos. Ela poderia ter ido direto, mas ela volta ao hotel com os alimentos e depois ela vai para a casa das vítimas”, explicou o delegado Carlos Alfama. Confira Amanda deixando o mercado (veja o vídeo abaixo). Amanda estava hospedada em um hotel também localizado no Setor Marista. O nome do local e as imagens das câmeras ainda não foram divulgadas. Segundo o delegado, ainda não é possível confirmar onde ela manuseou o veneno. No hotel, ela trocou de roupas, colocou um vestido branco, e seguiu para a casa das vítimas. Envenenamento Segundo a Polícia Civil (PC), o veneno teria sido colocado no suco, por conta da facilidade de se misturar e dissolver em líquidos. A possibilidade de ela ter envenenado a comida foi descartada pela polícia. “No interrogatório, a Amanda não se preocupou quando foi falado dos bolos apreendidos, mas quando falou do suco ela travou", explica o delegado do caso, Carlos Alfama. O ex-namorado da advogada não estava na casa da família no momento. “Nós tínhamos uma cena do crime: Estavam Leonardo, a mãe dele (Luzia) e o pai dele (João). A única pessoa estranha naquela casa era a Amanda”, disse o delegado. Imagens de câmeras de segurança mostram quando Amanda é recebida com um abraço do ex-sogro momentos antes de envenená-lo. Para o café da manhã, a advogada ainda levou uma orquídea para Luzia. Falsa gravidez Amanda Partata fingiu que estava grávida e chegou a fazer um chá revelação. A informação foi confirmada pelo delegado Carlos Alfama na manhã desta quinta-feira (21). As investigações apontam que a advogada inventou uma gestação para continuar frequentando a casa da família do ex-namorado, mas que ainda não é possível dizer se ela realmente fingiu todo esse tempo. Amanda Partata junto com o ex durante chá revelação Reprodução/Redes Sociais De acordo com a Polícia Civil, os exames feitos após a prisão mostram que Amanda não está grávida, mas, mesmo assim, ela insiste que está com 17 semanas de gestação. Ainda de acordo com o delegado Carlos Alfama, o relacionamento da advogada com o ex-namorado durou um pouco mais de um mês e que após o término ela revelou que estava grávida. A polícia acredita que o crime foi motivado pelo fato da advogada ter se sentindo rejeitada com o término do namoro com Leonardo Filho, que durou cerca de um mês e meio. Ela continuava frequentando a casa dos pais dele porque afirmou que estava grávida. 📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás. VÍDEOS: últimas notícias de Goiás